A pressão para obter a carteira de motorista muitas vezes começa com as expectativas sociais. Amigos e familiares, por exemplo, que fazem questão perguntar frequentemente sobre o progresso nas aulas de direção e com isso, cria-se uma expectativa implícita de que a carteira seja tirada.
Eu já ouvi relatos quase iguais ao meu, de pessoas com diferentes idades, gêneros, categorias (moto ou carro) ou algo do tipo, então pelo menos eu não me sinto tão sozinha nessa. A habilitação soa como um marco significativo que simboliza a independência ou a liberdade, mas durante o processo, ela é geralmente ligada a mais adjetivos ruins do que bons.
Eu lembro de estar no meu primeiro emprego quando recebi o panfleto de uma autoescola no bairro que estava em promoção. Como sempre me interessei por motos e o custo benefício faria sentido, eu comecei os planos. Lembro de ter juntado dinheiro por muito tempo e foi a primeira vez que paguei algo naquele valor à vista. Fiquei orgulhosa de mim e me senti confiante e animada, mas não durou muito.
O medo de falhar no exame é uma das maiores fontes de estresse. No meu caso, o medo era desde as aulas. A autoescola se tornou a pior hora do meu dia. Desde o acordar (a aula era às 07 da manhã) até a hora em que eu chegava em casa, o sentimento era de tortura e eu ficava pensando constantemente em como eu poderia fugir daquilo de alguma forma.
Eu me lembro de ficar tão tensa em cima da moto que os meus braços doíam, pois eu não conseguia relaxá-los e com isso, eu segurava o guidão com tanta força que mal conseguia realizar as curvas. A minha mão suava e eu não conseguia pensar em absolutamente nada, exceto que ia cair. E eu caí várias vezes mesmo. Para ser bem sincera, eu era péssima e a culpa nem era do instrutor, que acreditava muito mais em mim do que eu mesma.
Nem precisa ser um gênio para saber que com toda essa insegurança eu não estava conseguindo evoluir. As aulas foram passando e cada vez eu me sentia ainda mais pressionada pela chegada do exame.
Um dia antes, eu tive uma crise de choro e entrei em pânico. Só consegui me acalmar novamente quando chamei o Sérgio, meu instrutor, no WhatsApp e cancelei o exame, dizendo que não estava pronta e iria realizar mais algumas aulas e depois iria marcar o exame novamente. A verdade é que eu nunca mais voltei lá ou pilotei uma moto de novo.
Como foi a sua experiência? Estou curiosa.